sábado, 29 de dezembro de 2007

O sopro e o sonho

O dia nasce, acordar sempre é difícil. Mesmo sabendo que ele nasceu as 00:00 horas de ontem, para nós ele só nasce mesmo, quase sempre, no momento que acordamos. O desnorteio no acordar é algo constante. Olhar para os lados e mesmo com as paredes do quarto, bem conhecidas ou não, marcantes ou não, ainda assim demoramos um pouco a reconhecê-las. Tudo isso dura apenas uma pequena fração de segundo e logo aquele “déjà vu” vem à tona e percebemos que ali adormecemos no dia anterior. É claro que isso acontece quando fomos para cama, tranqüila ou intranquilamente, mas fomos, e não levados já tomados pelo sono profundo e uniforme, que não nos permitiu olhar ao redor e perceber o que aconteceu.
Mas nascer também é difícil, assim como acordar. Deve ser porque o nascimento é um primeiro despertar. O despertar dos sonhos flutuantes do escuro, porém quente e aconchegante ventre materno. Ali os sonhos são influenciados pelos sentimentos da mãe, o alimento é recebido pela influencia da mãe. Tudo que nos nutre vem da mãe, aquela a qual nem mesmo conhecemos o rosto mas o que recebemos provindo dela nos promove segurança. O desligamento desta situação, o acordar para o mundo desconhecido luminoso é o mais difícil dos traumas. Nascer é traumático.
O nascimento ou o despertar de um novo ano, talvez seja o mais fácil e festejado nascimento. Talvez porque seja um acontecimento paradoxal, demorado a vir e extremamente rápido a passar. Ano após ano ele vem, dura apenas o tempo da última badalada, a transposição das 11:59 para as 00:00 hora. É fácil por ser tão festejado e repleto dos prazeres, carnais e transcendentes. Os últimos segundos entre a morte e o nascimento são comemorados um a um. Enfim um nasce e outro morre, o mais natural, simples e com menor teor traumático dos nascimentos e, diga-se de passagem, a mais natural das mortes.
Assim como um astro morre para dar vida a outro, um ano morre para que outro viva, e viva abundantemente seus longos 365 dias (366 em ano bi-sexto). Um dia morre para que outro tenha seu nascimento. Mas sendo estas mortes e nascimentos temporais tão simples e totalmente compreensíveis, porque nos debatemos tanto com nosso nascimento e mais ainda com nossa morte? “De onde viemos e para onde vamos”, para que tanta angustia? Os traumas são inevitáveis, nascer morrer, tudo vem naturalmente, tudo passa, na hora certa, mesmo que não aceitemos. O aceitar é um mero detalhe na paisagem, o natural vem, tão certo como o nascer do dia.
O ano que passou foi mais um da chamada “caminhada” ou “estrada” que é a vida. Estes codinomes dados a vida são fáceis de se compreender. Passar pela vida é algo simples de se compreender. Ao fim e ao cabo, pouco antes do dormir, do morrer percebe-se que tudo aquilo, todos aqueles encantos e desencantos, todos os sonhos e pesadelos, todos os traumas e prazeres, tudo foi a simples e pura vaidade, e passou rápido demais. Como diria o grande arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, aos sem anos de idade, “a vida é um sopro”.
A morte de um dia, a morte de um ano, a morte de um ser. Parecidas, correlatas, simples alusões. Porque iniciar um ano pensando em morte? Morrer não é algo ruim? Eu digo que sim, é mesmo, morrer é algo difícil, mas não ruim. Tudo que você criou no ano passado, tudo que arquitetou, planos, metas, tudo morreu e foi sepultado com o ano que se passou. Mas como, neste caso a morte da lugar a vida, poder ter mais um chance de fazer o não feito, realizar o não realizado é muito bom. Neste ponto devemos sim começar o ano pensando na morte. A morte do que foi antigo e passado, e pensar no que ainda pode ser feito. Isso não por esperar algo maior, não para satisfazer quem quer que seja, não para um dia no futuro vangloriar-se das façanhas passadas. Mas para simplesmente sentar na beira da estrada e dizer “foi longa, mas estou aqui, poxa, aqui já, andei bastante, andei bem”. Entende o que eu digo. O simples passar é o cheque-mate do jogo, é a resposta à charada angustiante, é a disfunção do desejo de mais respostas. Simples assim, como a passagem do dia e do ano. Encarar as coisas de maneira simples as deixa menores, mais fáceis de derrotar.
Neste ano encare a morte, a mudança, as respostas indesejadas, tenha paciência, e lembre-se, passar muitas vezes, ou quase sempre, é melhor do que acordar. O sopro e o sonho tem muito em comum.

N.A.: Um bom 2008 para todos, um abraço. Nos vemos aqui neste espaço, até uma proxima!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Uma Conversa na Conferência

United Nations Climate Change Conference
Nusa Dua – Bali - Indonésia, 3-14 December 2007


Enquanto os delegados da conferência e os representantes dos países discutiam as mudanças e ações de cabidas a cada país com relação às emissões de gazes poluentes, desmatamento, reduções econômicas, dois indonésios ali no cantinho sentados frente ao painel que anuncia o encontro internacional sobre o clima conversavam sobre o que vêem e escutam.
Camisetinhas amarelas de staff, crachás, um coça des-preocupadamente a barba enquanto seu companheiro fuma um cigarro.

Barbudo: É cara, pelo jeito eles não vão chegar a um acordo tão cedo eim!
Fumante: Ué porque meu? Os cientistas trouxeram as propostas, e boas propostas, agora é a galera entra num acordo de quem vai poluir menos, quem vai reduzir aqui, quem vai reduzir ali, quem vai poder desmatar mais um pouco aqui e ali, energia solar, biocombustíveis e etc, vai ser fácil, que nem Kyoto.
Barbudo: A cara não sei não, todo esse povo falando línguas diferentes, com pensamentos diferentes, sei lá isso ta me cheirando a confusão, as coisas não são tão fáceis assim, você viu o que aconteceu com o Al Gore? Pô o cara tinha tudo nas mãos. Foi duramente reprimido por vários governantes, que mostraram simpatia apenas por populismo, mas por trás meteram a boca. Ele tinha resultados de pesquisas, opinião de cientistas da área o que dava muita credibilidade aos dados, explicou claramente naquele documentário, como é nome daquele documentário mesmo, é, é.... “Verdade Inconseqüente”?
Fumante: Não, não, cara que inconseqüente o quê, IN-CON-VE-NI-EN-TE, “Verdade Inconveniente”, é também o cara meio que força a barra não foi, poxa, deu um tapa na cara dos americanos e dos australianos, os únicos que não assinaram o protocolo de Kyoto e tão ai poluindo geral, sem dar satisfações de p#%¨&rra nenhuma!
Barbudo: Nada a vê, nada a vê, a Austrália lá, os “caguruzinho” lá, já assinaram um documento dizendo que vão diminuir as emissões e tão do lado de cá já. O “Tio Sam” ta sozinho agora. E ainda mais pra ferra com eles, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e o Catar, os árabes lá sabe, vão doar uma grana preta pra ajudar as regiões do planeta e as comunidades atingidas pelo aquecimento global. Mais ou menos 450 milhões de dólares. Os americanos não vivem dizendo que árabe é tudo terrorista? É neném quem é o terrorista agora, fala, fala, fala na cara americaninho... hahahahaha!
Fumante: É, mas as coisas tão ficando cada vez mais difíceis pro lado deles. A Califórnia, os estado mais rico dos EUA, os caras (governo da Califórnia) assinaram um documento dizendo que em 20 anos vão reduzir 25% das emissões do estado, pode ser um abalo para a economia, mas eles tão ai levantando a bandeira do meio ambiente.
Barbudo: 25%? Grande coisa, os cientistas da ONU dizem que o mundo deveria parar hoje de emitir 60% dos gazes, SE-SSEN-TA POR CEN-TO, sabe o que é isso, e não é pro ano que vem, pra daqui dez anos meu amigo, é pra ontem, se não daqui a 50 anos o planeta estará irreconhecível! É parece que o negócio ta mesmo muito sério.
Fumante: Sim, mas quem deve pagar mais caro por isso são os países ricos meu, isso é uma verdade, sério, os caras enriquecem por séculos, poluindo, desmatando tocado a maior zorra com o meio ambiente pra estarem ai numa boa ricos e desenvolvidos e agora querem que nós, países em desenvolvimento paguemos a conta, arriscando o nosso crescimento para salvar a pele ariana deles, Ah, tão de sacanagem não tão?
Barbudo: É meu amigo, mas agente não pode ficar com esse discursozinho “Poluir para crescer, e os ricos que se f*%$dam”, não senhor, de que adianta agente fazer passeata pelo meio ambiente, dizer que ama as plantas e os animais, shows por um planeta mais igualitário e justo. Entende o que eu digo I-GUA-LI-TÁ-RIO, ou seja o que está no passado já era, temos que ser iguais agora. Chega de “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. A responsabilidade é nossa também, que adianta crescer economicamente, crescer pra que, pra depois não ter mais planeta pra viver? Onde agente vai morar se este mundo ruir em meio aos gazes que provocam o aquecimento global?
Fumante: Nossa que bonito eim...
Barbudo: Bonito o que? Eu sou bonito? Ê cara não sou desse time não... tá de sacanagem?
Fumante: Não idiota, bonito o que você falou, “RUIR”, que difícil que tá seu vocabulário... só porque é staff de um encontro global ta ai se achando!
Barbudo: Se liga velho, to aqui falando sério sobre coisa relevantes, tentando se envolver com estas discussão e você fica ai, de conversinha, “hum ruir, que bonito” puta merda viu!
Fumante: Desculpa, desculpa!
Barbudo: Não tudo bem, só fiquei um pouco de cara, to muito preocupado com toda esta situação. Até agora tudo que se resolveu e na base do “investimento financeiro”.
Fumante: Como assim?
Barbudo: Não, pô, todo assunto que é colocado em pauta, é analisado primeiro a viabilidade econômica, depois a ecológica.
Fumante: Pois é, como esse povinho poderoso do mundo só pensa em grana né! Nossa, é uma absurdo mesmo!
Barbudo: Bem dessa mesmo. Que adianta ter dinheiro e bens para depois ficar torrado com o calor, não ter água potável, e o pior sem florestas piora a qualidade do ar, ai eu quero só ver! O mundo ta indo cada vez mais mal das pernas!
Fumante: Pois é! Não só das pernas, do corpo inteiro!
Barbudo: Olha, olha, escuta só o que eles tão dizendo!
Fumante: É em inglês, traduz ai pra mim!
Barbudo: É alguma coisa como, como, como....
Fumante: “Como” o que? Fala logo!
Barbudo: Algo sobre milhões, acho que é 60 milhões...
Fumante: 60 milhões de que?
Barbudo: Ah sim, sabia que este 60 milhões não eram sobre reduções de emissões ou no desmatamento... tava bom demais para ser verdade!
Fumante: Ué mas sobre o que é então? Fala, to curioso!
Barbudo: É a quantidade que o mercado de carbono movimenta hoje no mundo...
Fumante: Mercado de carbono, que é isso?
Barbudo: É algo como, bem, deixa-me ver. Uma empresa que polui muito, que emite muito gás de carbono na atmosfera paga para um proprietário de terras, geralmente de terra nos países em desenvolvimento para ele conservar, ou se não plantar apenas árvores que reduzam os níveis de carbono do ar. Assim ele compensa a poluição com conservação. Não planta, não conserva, apenas continua poluindo e pagando pros outros preservarem o meio no lugar dele.
Fumante: Mas que adianta? O cara continua poluindo igual.
Barbudo: É, mas assim pelo menos ele cala a boca de quem quiser criticá-lo, e pagando bem né, os paisinhos cá em baixo não reclamam afinal recebem em dólares!
Fumante: É mas logo, logo os dólares não serão tão verdes mais! Ai eu quero só ver!
Barbudo: Isso se agente tiver por aqui ainda, você viu o cara lá dizendo que com o aquecimento global Bali vai ser submersa totalmente? A Indonésia já era meu filho, em pouco tempo!
Nesse momento o amigo que fumava tranqüilamente, corre em enfia dentro de um copo de água o que restava do cigarro. O outro espantado pergunta:
Barbudo: O que foi, sua mãe te viu fumando?
Ex-fumante: Não, parei de fumar agora!
Barbudo: Ué, porque?
Ex-fumante: Preciso parar de emitir gazes e contribuir pro aquecimento global se não fico sem casa!
Barbudo: Hahahahaha... Isso ai, gostei de ver, pequenas atitudes que podem mudar o mundo, hahahahahaha!!!!




N.A.: Na revista ÉPOCA, edição de 10 de dezembro, nas páginas 136, 137 e 138 foi publicada uma matéria sobre a conferência da ONU sobre a situação do clima do planeta, que acontece este mês em Bali na Indonésia. Na matéria são apresentadas as decisões e conclusões feitas até agora. O objetivo principal da conferencia é dar o paço inicial para um novo documento que venha a substituir o Protocolo de Kyoto, que espira em 2012. No entanto, a maioria das propostas que são colocadas em pauta tem o viés financeiro em primeiro plano. Enquanto os cientistas da ONU dizem que precisamos diminuir em 60% a emissões de gás de carbono MUNDIAL para ontem, os debates dos governantes e representantes de quase todos os países se atem a reduções econômicas e incentivos financeiros. O máximo que se conseguiu até agora foi à decisão do Reino Unido de reduzir em 60% suas emissões de gazes, porém num prazo de mais de 40 anos. Até lá e disfunção entre o valor do dinheiro e o da água e dos tratamentos de câncer de pele serão bem grandes, isso sem contar as inundações e os espaços de terra que darão lugar ao oceano.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mil e trezentos anos em três minutos


Três dias enclausurado. Sem rever o mundo exterior
A solidão. O silêncio.
O barulho que as paredes, janelas, e visões
pitorescas do futuro fazem.
Olhar para fora e sentir tão verdadeiramente
que tudo que era bom já passou há tempos.
Coisas que se foram antes mesmo da sua vinda,
antes mesmo do abraço.
Não passaram de ilusões, curtas.
Que tiveram seu fim com uma overdose de tempo e cifras.
Aos trezentos anos de solidão
Overdose antes mesmo da fama, antes do reconhecimento.
Tempo jogado fora.
Que é o tempo se não uma simples medida?
Só restam as fotografias em preto e branco, quase todas da infância.
A juventude negra não aparece ali.
Apenas uma imagem, sem camisa, com um refrigerante na mão.
A clausura traz o pensamento menos ruidoso.
Com o míninimo possível de interferência.
Mas isto leva tempo.
Tempo demais.
Tempo que passa rápido demais.
Então, o paradoxo entre o curto longo e longo curto tempo.
Três dias como mil e trezentos anos.
Não passam nem deixam se passar.
Ao fim e ao cabo, o sentimento de que tudo
foi um simples e singelo sonho de três minutos.
Mil e trezentos anos em três minutos.


Poema dedicado a minha querida Elen D.A.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A casualidade, amargura e o prazer do esquecimento

fotografia: © 2005, Nelson D’Aires
Era prisioneiro já a três anos. Foi durante aquela operação desastrosa. Tentou até mesmo avisar de como seria impossível e inviável. Não por medo ou por negligência, mas meramente por lógica. Ninguém o entendeu mesmo assim.
A vida estava ficando cada vez mais curta, podia até mesmo vislumbrar seu fim. Queria de todas as suas forças desistir, sentia-se esquecido naquele campo, juntamente com seus homens. Aquela operação, a qual se envolvera era, a princípio simples, mas a forma de como agiram e o despreparo de modo generalizado de seus soldados tornou o veredicto certo. Muitos morreram, outros tantos foram presos. Ele ainda não sabe qual foi o pior caminho entre estes.
Os opressores do exército inimigo eram cruéis. O sangue em seus olhos só era aplacado pelas leis que regem o comportamento em conflitos como aquele. Mas convenhamos, se em tempos de paz as leis são violadas a todo momento, mesmo com a aparente ordem. Em tempos de guerra isso é praticamente indiscutível. São quebradas sempre. Quem paga são os oprimidos, que subjugados e coagidos, suas reações podem causar ainda maior sofrimento por ações do altivo inimigo.
O peso da liderança, a necessidade de responder perguntas e trazer soluções para seus companheiros e os belos olhos daquela enfermeira lituana, a qual conhecera antes do ataque, traziam esperança aqueles dias quentes, úmidos, sujos e sangrentos no campo de prisioneiros. Olhar para os lados e ver homens, passados três anos de cativeiro, magros, extremamente sujos e doentes. Aquela visão tornava ainda mais palpável seu futuro. Morrer ali naquele lugar terrível. Sem honras, sem uma última visão de seu país, de seu mundo deixado para trás no momento em que se tornara voluntário naquele conflito.
Ser voluntário certamente era algo sobretudo nobre, suas ações eram mais verdadeiras e incisivas, sua vontade era de estar lá, lutando. Com isso conquistara o posto de líder daquela tropa. O que, após três anos de cativeiro se tornara um fardo que não carregaria, enfim para sua felicidade, se pode ser encarada assim, estava doente, magro e perto ainda mais da morte.
Escrever uma carta, neste momento era o que faria, não para pais, para amigos ou para sua nação. O homem solitário não se preocupava mais com coisas grandiosas. A relação conflituosa do planeta, a justiça, a verdade e o patriotismo eram nas últimas coisas que ele pensava. Sim, os olhos lituanos pouco conhecidos, para os quais olhara apenas umas poucas vezes, mas o suficiente para gravá-los em suas lembranças diárias. Não era por amor. Isso não existia mais naquele corpo envelhecido pelo sofrimento. Mas sim porque vira nas coisas mais casuais o real e único sentido da vida.
Por acaso perdera controle da situação e fora tornado cativo. Por acaso deixara muitos dos seus morrerem naquele campo, negligência não, estava fora da suas mãos impedir tal fato. Por acaso vira aqueles olhos. Por acaso ficara doente. Por acaso encontrara o papel e um velho lápis para escrever e expressar o sentimento do acaso e sua filosofia da amargura. Escrever e depois morrer. Que é o homem se não a necessidade de ser lembrado, mesmo que por acaso?
Entregou a carta nas mãos de seu companheiro mais fiel, e recomendou que quando saísse dali a entrega-se a lituana de olhos castanhos, nada especiais, mas que dos quais nunca se esquecera. O conteúdo desta era amargo e cheio de conclusões, talvez ela mostra-se ao mundo um dia, mas isso pouco importava.
Após entregá-la tentou fugir de si mesmo e do campo. Foi preso novamente. A decisão do dirigente do campo de prisioneiros foi ainda mais cruel, com ele mais dez deveriam morrer. Assim uns cuidariam dos outros, ninguém foge dali. Fugir do seu fim é impossível, ele deve chegar um dia. Para eles chegava a três anos, todos os dias.
Um a um foram escolhidos. Para seu desespero, por acaso, aquele jovem rapaz o qual entregara a carta era um deles. Os bodes expiatórios foram colocados em fila. Ele realmente vê o quanto sua filosofia de conclusões estava certa. Setiu-se mal, mas logo bem, estava certo. Respira ofegante, não queria a morte de todos aqueles. Sua era a carga, e somente ele deveria carregá-la. Talvez não. Talvez fosse aquele ato o maior e mais carregado de liberdade que poderia oferecer a seus liderados. Sentia-se um verdadeiro líder, morrendo, sendo liberto, e com ele mais nove fiéis e bem conhecidos rostos. Recentia apenas o fato de que o único objeto que levaria a posteridade a verdade sobre aqueles fatos casuais se perderia. A carta morreria. Não com ele mas com seu companheiro.
Um a um recebem o tiro fatal na cabeça, por trás. Todos ali mortos, ele também. A carta também.
Dois dias depois, um ataque rápido e preciso, sem vítimas, resgata todos aqueles sobreviventes prisioneiros dos três anos de cativeiro. Mas ninguém se lembra daquele amargurado líder, cuja o fim trágico assim nunca foi conhecido. Foi simplesmente e por acaso esquecido. Nada foi válido, uma constante de momentos desnecessários. Em vão. Para nós, para ele não.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Os dois sentidos do ônibus

A vida que passa dentro de um ônibus é uma constante viagem de dois sentidos.

Escorado na grade verde ao lado do ponto de ônibus, começa a viagem. Ela vira a esquina. Ele olha. Ela olha. O ônibus chega. Todos entram.
Ele senta em um lugar espremido. Ao seu lado uma senhora com inúmeras sacolas. Ela permanece em pé logo a frente, ele a observa sem escrúpulos, sem desviar o olhar. Ela permanece olhando para fora, uma segunda viagem começa.
Sempre pegam aquele mesmo ônibus, ele e ela. Sempre se vêem, se esbarram, se olham, mas nunca, nuca conversam. Uma coisa quase boba pensa ele. O homem sempre deve tomar a iniciativa. Isso gera outro problema. Começa assim, hoje é somente a iniciativa, amanhã é o “braço a torcer”, o homem sempre se sujeita mais.
Ela nem olha, nem pensa, nem percebe. A prova foi difícil, está faltando demais, seu pai vai lhe matar. A vida é tão cheia de problemas para se resolver, nesta idade agente escolhe muito, escolhe até demais. Mas a seleção, que geralmente não é a “natural” as vezes retarda a percepção. Olhar demais para muitas cores, um dia te deixa daltônica, ai nada de cores, nunca mais.
O ônibus para. A senhora pede licença a ele, e quase que o esmagando com suas enormes e desengonçadas sacolas passa. A porta se abre. A senhora desce. Enfim livres dela. O lugar está vazio. O banco se torna em porta. Porta de entrada para uma conversa que a muito deveria ter começado, e hoje já deveria estar num nível avançado, não fosse a timidez dele e a indiferença dela.
“Pergunto ou não. No máximo um não, mas isso é demais, encará-la outra vez acho que jamais, a negação é a pior coisa que existe.” “Nossa não agüento mais, acho que vou sentar um pouco, esse calor ta me matando, esse cabelo ta me enchendo já, acho que vou cortá-lo, esse cara não me convida a sentar, ai... deixa, agüento mais um pouco assim mesmo.”
As coisas poderiam ser mais simples, mas ele e ela complicam, na verdade ele muito mais do que ela. Não, não. Ela é culpada também. Os dois combinam. Poucos anos de diferença. Mas dois sentimentos incessantes nas respectivas mentes impedem esta conversa despretensiosa. Que poderia se tornar ao seu longo algo extremamente pretensioso, maquinado. Mas suas mentes se atem a maquinar os contras mais do que os prós!
Falta só mais um ponto, daí ele desce. Mais uma derrota. Agora já não da mais tempo. Ele se levanta, passa por ela, e chega próximo a porta. Chegando lá, puxa a campainha. O motorista recebe o aviso, avista o ponto e para. A porta do ônibus se abre, a ligação entre ele e ela se fecha mais uma vez. Talvez amanhã. Talvez já seja tarde.
Ela continua sua viagem, desatenta, nem percebe a descida do cara que passou a viagem toda sem convidá-la a sentar. Mas isso é um mero detalhe na paisagem, grotesca e rápida por sinal. Um ponto, dois pontos, três pontos, ela desce.
Amanhã, talvez, se os intervalos de 12 minutos entre um ônibus e outro se concordarem eles se encontrem. Mas serão apenas minutos perdidos, entre dois sentidos, a apreensão e a desatenção. Nada mal, já que a insegurança, incerteza e acaso são mais valiosos e recordados do que momentos concretizados. O amor se vale mais da espera do que do fato. Mas o ônibus, este continua a sua viajem. Concreta, mas ninguém percebe. Ninguém vê. Só se lembram dos momentos gastos no ponto, a esperar, uns apreensivos outros desatentos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Santa Laranja



A pequena história de uma pessoa que conheci...

Valdivino é pedreiro, carpinteiro, encanador, vendedor ambulante e pintor. Aprendeu todas estas profissões ao longo de seus 38 anos de vida difícil. Fazendo um “bico” aqui, outro ali. Cresceu na roça, trabalhando o dia inteiro colhendo algodão. Quando enfim chegava a hora do pagamento, ficava com o dinheiro ralo na mão somente até chegar em casa. Lá mamãe Nilda recolhia todas aquelas notas sujas e colocava num saco plástico de arroz, ali era o “banco” dele, dela, do pai e de mais quatro irmãos.
Eram cinco até o último verão. Enilton, o mais novo havia se afogado no lago perto de casa. Tinha se enroscado nos em galhos submersos. A mãe chorava até aqueles dias a falta do “neném” da casa.
Mas Valdinho, como era chamado, carinhosamente ou por fim de tornar mais diminuta a auto-estima do pobre homem, continuava firme e forte. Não se casou, teve poucas relações amorosas, e sexuais também, durante a vida. Era um cara conversador. Contava muitas histórias. Alegrava a vida dos demais pedreiros e mestre-de-obras que com ele trabalhavam.
Sabia ler e fazer contas, era bom principalmente neste último. Negociava como ninguém! Era classificado como esperto perante aos demais amigos e possíveis clientes, quase que sempre do mesmo nível social dele. Vendia bugigangas importadas (do Paraguai).
Sua vida simples teve mesmo uma grande revolução, se podemos classificar este fato como grande, aos 15 anos. Nossa isso foi mesmo um grande susto. Coisa que Valdinho conta até hoje, cada vez que se põe a cotar o fato para justificar seu modelo de vida atual, todos param para ouvi-lo. Mas não é o interesse pelo fato que atrai os ouvintes. Na verdade a maioria deles já conhece a historiazinha de Valdinho. O que atrai mesmo é o aspecto de “contador de historias” dele, muito hilário, algo como quem olha para o alto, cena que lembra Stevie Wonder sem óculos, divagando. Realmente o fato deve ter acontecido, pois Valdinho parece que vê os atos em sua frente como se estivessem acontecendo naquele momento novamente. Isso da credibilidade!
“Tava eu lá, coiendo algudão, na minha né! Quando passei no meio de duas filera de prantas, vi uma fror, que linda que era aquela fror. Deu uma vontade de chera ela, daí eu parei, arranquei ela (depois fiquei cum remorso, matei a pobrezinha) e coloquei em baxo do nariz. Moço, saiu uma abeia, que pico bem du lado do zoio. Dueu que nossa, mais duer não foi o pior, pior foi memo quando incho e daí eu não enxerguei mais nada!
Desesperei na hora. Meu pai falo pra mim lava, mas agente tinha acabado de armoça e tinhamu bebido tudo a água. Naquela hora fiquei taum desesperado que fiquei cego dos dois zoio. Meu Deus do céu!!! Grito meu pai quando perguntei quem tinha apagadu as luiz. A única coisa que tinha liquido ali por perto era umas laranja da arvre que tava ali do lado da prantação. Hã, num pensei duas veiz, falei por veio i pega uma daquelas fruita, corta no mei e me da na mão.Esfregei uma metade em cada zoio, na merma hora vortei a enxerga hômi de Deus, falo serio, num é lorota...” conta Valdinho animadíssimo. Agente sempre finge que acredita para não perder o amigo, afinal quem não precisa de uma cara multiuso como esse por perto.
Se é verdade ou não, o melhor veio depois. Valdinho ficou impressionadíssimo com o poder daquele “remédio natural”, e foi procurar se informar sobre estes tratamentos, pensando não só na eficácia, mas também na economia que faria se tudo se resolvesse com coisas que ele encontrava no mato.
Ele era um jovenzinho “caipira”, mas sabia que podia contar com livros quando quisesse aprender algo. Foi até a biblioteca da cidade, e achou o que procurava. Um livro sobre vida naturalista e tratamentos por meio de plantas e elementos não modificados industrialmente. Leu. Com dificuldade. A professora da escola rural, Augusta Hufmell, uma senhora descendente de alemães muito paciente, explicava com clama, os tratamentos, os significados de palavras, os tempos verbais, enfim, praticamente lia o livro no lugar do pobre Valdivino.
Ali ele aprendeu sobre como a comida que ele comia afetava o que ele era. Nossa essa foi uma revelação traumática mesmo para ele, ficou três dias sem falar com ninguém, mas isso era porque ele falava demais sobre o assunto e todos mandavam ele calar a boca.Desde os 15 anos ele não come carne vermelha, já não comia muito antes, isso para ele foi fácil até. Não bebe pinga, cerveja e nem refrigerante, só suco e água. Come peixe, salada, e arroz integral. Mas como pobre sempre se dá mal, e a sua alegria, como diz o ditado popular, sempre dura pouco. Quando se reúne na cozinha do prédio, onde trabalha ajudando na construção, para comer com os outros pedreiros, só lhe sobra a beterraba ralada e o arroz. O cardápio sempre tem carne e as outras coisas são temperadas com “banha de porco”, tudo regado a uma boa Coca-Cola (ou Colas mais baratinhas mesmo), sacanagem com o Valdinho. Mas ele se mantém firme ao seu estilo de vida, mesmo tendo que agüentar os amigos o chamando de boi, verdureiro, come-alface, papa-prantinhas e coisas do gênero. Mas quando está sendo pejorativamente criticado, ele une forças ao evento da santa laranja que lhe trouxe a luz novamente, isso ele nunca esquece.
Conto que escrevi para a Revista Varanda, novembro - 2007 - nº 1

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Portão Belga



Desembarque dos Soldados Aliados nas Praias da Normandia.
França, 6 de Junho de 1944


Estava enjoado, aquele movimento constante, um certo desequilíbrio, o deixava mais confuso do que já estava a algum tempo. Desde que embarcara há 18 dias, sentia sempre este enjôo. Todos diziam que era algo típico, mais se tornara mais forte no momento que entrara naquela embarcação menor. A aparente paz que permanecera nos dias de viajem era, agora, quebrada pelos estrondos das explosões, hora muito longe, fora de alcance, hora tão perto que podia sentir o gosto dos explosivos. Água e medo cobriam seu rosto. E como água tornando-se vinho, seu rosto estava vermelho, sangue, seu companheiro à frente, F. Stone, fora atingido certeiramente na cabeça. Já estavam em linha de tiro das casas-mata inimigas no topo da colina, no final da praia.
6 de junho de 1944, Rolland Gonçalves, americano filho de uma nova-iorquina com um gajo luso de Porto. Dezenove anos, odiava barcos, peixes, areia, enfim, tudo que lembrasse o “maldito” oceano. Neste momento, depois de oito meses de treinamento no Fort, mais sete semanas no acampamento em treinamento intensivo, dezoito dias no navio, de Nova Iorque até a Inglaterra, e depois disso a costa da Normandia estava ainda mais odiando o mar e aquela guerra que ele mal entendia. Dentro daquele veiculo anfíbio, o que mais odiava estava ai por todos os lados, e pior, tinha infinitamente mais motivos para estar apavorado.
Frank Stone era seu colega de companhia, de pelotão, de grupo de combate e de quarto. Estavam juntos desde o alistamento. Mas não há tempo para cerimônias, aquela realidade não permite, por vezes não deseja tais ritos. O que mais se aproxima de uma solenidade transcendente neste momento é o agradecimento inconsciente de Rolland diretamente a Deus, por ter sido Frank e não ele a ter tombado, feito um saco de areia molhado. “Porque estou aqui?” perguntou a si mesmo enquanto pulava pela lateral do barco.
A guerra era grande e complexa para seu entendimento, sua função ali era, para ele indefinida. Durante o treinamento foram ensinados de que cada um tinha seu papel e se desempenhassem bem trariam a vitória para casa. Mas aquilo era como nunca obscuro para Rolland. Os inimigos pareciam milhões de vezes maiores, seu medo e visão, limitada pela fumaça, explosões e gritos desesperados de soldados feridos, o deixavam coagido. Lutar e tentar chegar ao pé da colina parecia muito perigoso, sua decisão era de ficar ali, atrás daquele portão belga (obstáculo usado pelos alemães nas praias francesas durante as invasões aliadas do Dia-D).
Vendo aquela atitude, Joe Mercury, soldado que desembarcou no barco vizinho ao de Rolland resolveu fazer o mesmo, afinal sua vida valia mais do que os duzentos metros de praia até o pé da colina, donde poderiam arremeter o ataque. Logo Bower Sarte, outro soldado fez o mesmo, e à medida que desembarcavam, os soldados que não morriam até chegar aos portões belgas faziam sempre o mesmo até não haver mais nenhum o qual pudessem se esconder em todo o perímetro daquela costa.
A batalha durou três dias, até que todos os “bravos” aliados fossem eliminados, um a um, pela fome, sede, ou mira exime dos franco-atiradores inimigos. Estados Unidos, Inglaterra e Canadá nunca tomaram a França novamente. O Eixo venceu a guerra e Hitler, assim como queria dominou o mundo.
Judeus, ciganos, comunistas, negros, mulatos, baixos de cabelos negros e olhos castanhos não existem mais. Todos no mundo, agora repleto de loiros altos de olhos azuis, com fala empolada e retórica ariana na ponta da língua, obedecem a um único Führer. Mas o mundo esta finalmente perfeito. Todos falam bem do governo, os que falam mal sumiram. Todos comem os deliciosos chucrutes e tomam chopp quente. As crianças desconhecem o que significa amor, mas disciplina, ordem e Hey! Hitler! elas sabem décor, e repetem várias vezes ao dia.
É, se Rolland não tivesse parado, se escondido. Se sua visão fosse além do que via com os olhos. Se usasse o instrumento em sua mão. Tinha tudo ali, apenas não via, pensou em si mesmo e parou. Talvez seja porque estava incomodado com o oceano, com as explosões, com os gritos. Tudo estava tão difícil, ele tinha todas as razões para desistir, abandonar o que havia ido fazer ali. Sim, sim, era sua vida que estava em risco! Sua missão ali era obscura, para que continuar a fazê-la? Ele até poderia estar aqui hoje para nos contar quão difícil estava à situação e justificar com argumentos plausíveis sua decisão. Pena que dele não resta nada além de pó. Quem sabe faria diferente se visse o resultado do que fez. Infelizmente ele só tinha uma chance, uma vida, um mundo apenas para cuidar. Não cuidou. Aquela corrida até o fim da praia, para perto do pé da colina teria mudado muita coisa mesmo parecendo algo simples, mesmo com a visão obstruída, ele deveria ter agido, mas o portão belga era mais cômodo. Pobre Rolland.

N.A.: Esta crônica será publicada na primeira edição da revista Varanda, produzida por mim, por Rodrigo Pinto e João Zampier.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Entenda a CPMF

Seria cômico se não fosse triste!
Só se escuta falar nisto no meio politico (salvo o gritante caso do Senador Renan Calheiros), em noticias de jornal, TV, revistas, etc. Na mídia em geral a crítica é sobre o desejo dos governistas, protagonizados por Lula e o ministro da Fazenda Guido Mantega, de manter a CPMF até 2011.
Mas porque será? Este desejo seria para manter as contas em dia? Não deixar faltar verba para a saúde? Bem na verdade a história está mudando um pouco o tom.
Desde que foi criada a CPMF (pasmem o tamanho do que representa esta sigla: Contribuição (?) Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira, ufa...) em 1997, pelo governo FHC, seu principal objetivo era, estabelcer uma cobrança sobre as operações de transição de valores das instituições finaceiras (bancos, investidoras, etc.) e canalizar estes valores único e exclusivamente ao Fundo Nacional de Saúde.
O valor da cobrança sobre as transações finaceiras é de 0,38% (aliquota), mas inicialmente era de 0,20% (em 1997).
Esta cobrança foi criada para ser uma medida temporária de auxílio a saúde, mas...
A proposta atual é de que este fundo, e a rumores de que isto já esteja acontecendo, seja usado também para o Fundo de Combate a Pobreza, subtende-se que, veja bem, "tecnicamente" estejam abrangendo a saúde também.
A peregrinação governista continua as portas do senado pela aprovação da prorrogação deste imposto, ou melhor desta "contribuição".

sábado, 13 de outubro de 2007

Nobel da Paz 2007


Al-Gore ganha o prêmio Nobel da Paz de 2007, juntamente com especialistas da ONU.


Vice-Presidente dos Estados Unidos da América. Ativista defensor do meio ambiente. Nobel da Paz. Estes são os varios títulos conferidos ao americano Albert Arnold Gore Jr, ou como é conhecido mundialmente "Al-Gore". Desde que perdeu para George Bush as eleições para presidente dos EUA em 2000, Al-Gore assumiu o papel de palestrante e ativista, abordando um tema muito pertinete a nosso dias, o aquecimento global.
Seu trabalho foi mais além do que palestras e representações pelo mundo. Em 2006 Al-Gore, com o apoio de especialistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC), lança o documentário "Uma verdade incoveniente" (A Incoveniet Truth) com estatísticas, dados e muitas imagens do estado decadente em que se encontra o clima mundial devido a ação do homem contra seu próprio planeta.
O documentário e consequentemente o discurso de Al-Gore ganharam maior visibilidade com o Oscar de melhor documentário recebido pelo filme, no início deste ano. Assim suas ações puderam ser apliadas.
Em julho, mais precisamente no dia 07/07/2007, o Show "Live Earth" aconteceu em 9 lugares diferentes do planeta. Esta iniciativa, tambem de Al-Gore, reuniu mais de 150 artitas do mundo todo para a realização deste evento. A música aliada ao discurso ativista para "salvar o planeta".
Com a junção de todas estas inciativas e ações, Al-Gore ganha o prêmio Nobel da Paz, anunciado ontem (12) na Noruega. Seu trabalho de divulgação das mundanças climatica mais recentes foi recebido sob muitos elogios e com louvor. C0ntudo, as crítica foram inevitáveis. A muitos politicos americanos que enchergam nestas ações de Al-Gore, uma maneira de auto-promoção.
De qualquer forma deixamos nossas sinceras congratulações a este prêmio alcançado. Lutar pelo bem estar das pessoas e do mundo sempre é uma atitude bem vinda, ainda mais quando se trata de uma caso tão importante, que pode ditar a vida das futuras gerações.

N.A.: Consegui acesso a um PC por aqui, por isso o blog terá sua programação normalizada.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Aviso aos Navegantes


Bem pessoal, neste fim de semana (prolongadíssimo - sexta,
sábado, domingo e segunda) estarei em Umuarama (da um tempo da Capital um poco). Devido a viagem a atualização do blog pode dar uma prologanda de quebra(haha).
Mas logo estarei colocando tudo em ordem com novas postagens que já estou preparando para vocês!
Até lá, bom feriado prolongado a todos...
Nós vemos em breve!
Quem sabe, se arranjar algum PC por lá, esta situação mude... fiquem atentos!
Abraço a todos...

Jadson

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A morte de Che

Che. Esquerda, sua imagem mais conhecida. Direita, imagem de como estava quando foi capturado na Bolívia.

Ramón, este era o codinome usado por Che Guevara na guerrilha da Bolívia. Seus soldados, em sua maioria cubanos e alguns bolivianos o chamavam assim. Desde 1965, quando Fidel publicou sua carta de despedida, ninguem sabia onde Che se encontrava. Mas quando o exercito boliviano, juntamente com a CIA capturaram o intelectual francês Regis Debray agente de ligação entre Fidel e Che em Muyupampa (vilarejo ao sul da Bolívia), e o torturaram, descobriram com certeza de que Ramón era relamente Ernesto "Che" Guevara de la Serna.
Che havia dividido seus homens em dua companhias, uma liderada por ele pessoalmente e uma por Joaquim. O grupo de Joaquim foi exterminado em Vado del Yeso. E agora Che Guevara encontrava-se com um número reduzido de homens, 17 para ser mais preciso, e cercado, após 11 meses de manobras de guerrilha, em La Higuera. No dia 08 de outubro de 1967, após longo tiroteio, com a arma avariada e com uma bala transpassada na perna Che se entrega. Sujo, esfarrapado, magro, aparência que remetia um medigo, ele foi levado para um casebre que servia de escola rural. Ali, com mais dois cadáveres de jovens guerrilheiros cubanos, Che passa sua última noite. É interogado pelo Tenente-Coronel Andrés Selich.
No dia 9 de outubro (exatamente a quarenta anos atrás) a ordem de La Paz chega por rádio. O General René Barrietos, presidente da Bolívia ordena que o executem. O agente da CIA, Félix Rodrigues ainda queria levá-lo para o Panamá, para poder interrogá-lo melhor, mas a ordem é simples e direta, execução.
O sargento Mário Terán, disparou uma rajada de balas contra Che, quando ainda estava deitano no chão da escola. Morreu aos 39 anos. Levaram-no para Vallegrande, numa lavanderia de hospital o expuseram, tiraram várias fotos. Contaram suas mãos para examinar as digitais. Foi enterrado num lugar anônimo perto do aeroporto de Vallegrande, juntamente com mais sete pessoas. Durante 28 anos ninguém soube do paradeiro do corpo de Che. Somente em 1995, o general reformado Mario Vargas Salinas informou ao jornalista Jon Lee Anderson onde haviam enterrado o cadáver. Durante 2 anos, peritos argentinos e cubanos vaculharam a região para encontrar seu corpo. Até que em 1997, foram encontrados seus restos mortais. Foi recebido em Cuba, por Fidel com honras nacionais. Deixou a vida para se tornar herói Latino Americano, um verdadeiro mito.

"É o meu destino : hoje devo morrer!Mas não, a força de vontade pode superar tudo!há obstáculos, eu reconheço!não quero sair....Se tenho que morrer será nesta caverna (...).Morrer, sim, mas crivado de balas, destroçado pelas baionetasUma recordação mais duradoura do que meu nomeÉ lutar, morrer lutando"
Ernesto Guevara de la Serna, janeiro de 1947.


Che capturado


Corpo de Che na lavanderia de um hospital em Vallegrande


segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Che, 40 anos de sua morte

Che Guevara

Faz quarenta anos. Exatamente a quarenta anos atrás, dia 8 de outubro de 1967, Enesto "Che" Guevara era capturado pelo exercito boliviano com ajuda da CIA (agência e inteligência norte americana). Em meio a mais uma tentativa de revolução, o grande lider argentino é preso e no dia seguinte (9 de outubro) é morto por soldados bolivianos com oito tiros, na pequena cidade de La Higuera. Antes disso Che ja havia liderado duas revoluções: A de Cuba em 1959, com sucesso e a do Congo em 1965, fracassada. Depois de ser morto foi enterrado ali mesmo, nesta pequena cidade, somente em 1997 seu corpo foi levado ao um mauzoléu na Cidade de Santa Clara em Cuba.
Nasceu em 14 de junho de 1928 em Rosário, Argentina, descendente de espanhóis e irlandeses. Ernesto Guevara de la Serna, este era seu nome completo, mas recebeu alguns apelidos durante a vida. Apesar de sofrer de asma foi um jovem ativo, jogava rúgbi, e por jogar com um carater agrssivo recebeu o apelido de "Fuser", que é a junção de "El Furibundo" (o irado) e seu sobrenome Serna.
Durante a faculdade de Medicina, cursada na Universidade de Buenos Aires, viajou pela América Latina. A mais famosa de suas viajens foi a que fez com seu amigo bioquímico Alberto Gramado em 1952, onde de seu "Diários de Motocicleta" um filme foi feito em 2004 pelo cineasta Walter Salles.
Nestas viagens, Che, percebeu que os problemas de toda a América Latina eram iguais e que na verdade aquele continente constituia um único povo. A partir disso iniciou sua militancia política que foram dos estudantes argentinos até as guerrilhas pelo mundo.
A reprodução da imagem de Che Guevara em camisetas e pôsteres geralmente utiliza uma famosa pintura feita pelo artista plástico irlandês radicado nos EUA Jim Fitzpatrick a partir da foto tirada por Alberto Korda, que se tornou a segunda imagem mais difundida da era contemporânea, atrás apenas de uma imagem de Jesus Cristo.
Ao redor do mundo, e mais intensamente na America Latina Che é considerado um grande líder revolucionário, um héroi para muitos.

Abaixo vão algumas fotos que selecionei sobre Che:

Estátua de Che na Bolívia

Vila La Higuera, homenagem a Che

Monumento em Cuba




segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Sincronizar a Batida!

Representação de alguns segmentos musicais


Hoje, dia 1º de outubro é o dia mundial da MÚSICA! Veja o "porque" de gostarmos tanto, e porque este elemento é e foi tão presente na vida de literalmente todas civilizações e pessoas do mundo através dos tempos.

Já imaginou a nossa vida sem musica? Não um determinado segmento musical como rock, hip hop, funk, música clássica, e sim sem nenhum deles? Teríamos um mundo sem graça não é? Por que será que gostamos de música e por que fazemos música? Por gosto, por prazer, são resposta bem prováveis. Contudo a pouco tempo uma pesquisa realizado pelo cientista Daniel Levitin, da Universidade de McGill de Montreal no Canadá trouxe elucidação científica a esta questão. Teve constatações surpreendentes, após um teste feito com a participação de treze pessoas que foram submetidas à ressonância magnética enquanto ouviam música. Os resultados foram tão reveladores, que quando interrogado o cientista Levitin disse "O resultado do trabalho é a mais detalhada descrição já obtida pela ciência da refinada orquestração entre várias regiões do cérebro envolvidas na coreografia musical”.
A pesquisa apontou os seguintes conceitos.
Muito do que escutamos não é oriundo do mundo exterior, mas sim de dentro de nosso próprio cérebro, as moléculas de ar fazem vibrar os tímpanos e ele envia ao cérebro às alterações de grave e agudo, assim com essas vibrações o cérebro as mede e constrói a representação interna da totalidade dos efeitos sonoros.
Mas não para por ai, ele ainda descobriu uma fato interessante, de que quando uma pessoa escuta um som que lhe agrada, como estilo musical preferido, e não um ruído ou barulho qualquer, um setor do cérebro é ativado, o SIC, uma parte do cérebro responsável pela coordenação motora, e não tem nada a ver com emoção. Por que então esta parte só é ativa quando escutamos música sendo que a própria musica é responsável por proporcionar momentos emotivos?
A resposta encontra foi a que, o cérebro além de representar o som musical ele também sincroniza este som. Por isto usa esta faceta cerebral responsável pela coordenação, ela é quem sincroniza as batidas, a freqüência sonora. Mas o que faz sentirmos sensações de prazer é que nosso cérebro cria um certo jogo de adivinhações, onde ele tenta adivinhar a próxima batida, se acerta ótimo, se é surpreendido melhor ainda, o prazer neste jogo de adivinhações é o que nos traz sensações tão completas ao escutar nosso estilo de musica preferido. A música é tão importante em nossa vida, pois necessita de várias partes do cérebro para ser interpretada, estimulando e o que é melhor dando-nos prazer. Entendeu agora porque você curte tanto sua música, só deixar o som rolar e “sincronizar” a batida.
Parabéns a todos os músicos e entusiastas da música! Parabéns a nós todos que nos deleitamos com este elemento criado desde os remotos idos da formação deste mundo. Viva a Música, seja ela como for!
Hoje é dia também:
Da Esquadra Brasileira
Internacional da Terceira Idade
Do Diário Oficial brasileiro
Do Vendedor

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Kafka, a metamorfose da literatura

Franz Kafka

"Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso." - Inicio do primeiro capítulo de "A Metamorfose", de Franz Kafka.
Ontem, quinta, 27 de setembro, tive meu primeiro contato com um dos maiores escritores do século XX. Embora tardio, este encontro para mim foi bastante peculiar. Já havia muito ouvido falar de Franz Kafka (1883-1924). Este escritor extremamnete descritivo, me vez viajar por alguns momentos por suas palavras, sobretudo sua biografia me chamou a atenção.
Ainda no interior do Sebo Leitura, na Marechal Deodoro, próximo a praça Carlos Gomes, no centro de Curitiba, eu estava sem pretenção nenhuma de comprar algo. Olhado os CDs e vinis, algo me pertubou, por ver tantos livros ali. Não que seja anormal ver livros em um sebo, algo até mesmo redundante de minha parte. Mas fui acometido por uma vontade de enfim comprar um deles, levá-lo para casa, qualquer um que fosse. Pouco me importava o título.
A muito meu colega e amigo de faculdade, e de outras sircunstâncias também, Rodrigo Pinto, já me dizia e convencia da grandeza de uma das obras de Kafka, "A Metamorfose". Algumas vezes já haviamos visto edições de bolso desta obra, porém nenhuma delas me havia cometido a vontade de compra-lo ou mesmo lê-lo. Negligênica. Depois de iniciar a leitura vi o quão tolo havia sido quanto as considerações sobre esta obra.
Enfim, perguntei a uma das atendentes, se por acaso um exemplar de "A Metamorfose" estaria disponivel em seu estoque (ou acervo?). Ela me respondeu afirmativamente. Me levou a seção de "Literatura Universal", algo um tanto exagerado, mas tudo bem não me dou com formas de classificação e legenda, mas isso agora não importa muito.
Eu nem mesmo sabia que o primeiro nome de Kafka era Franz, suspeitei ao ver a atendente procurá-lo na seção "F". Emfim encontrou, dois exemplares, a primeira, uma edição de 1975, e a segunda de 2006. O primeiro custando R$ 2,00 (relamente estava bem gasto), logo o segundo, fato que até me surpreendeu, estava em otimas condições, parecia mesmo que nunca havia sido sequer lido, as páginas estavam simetricamente ondenadas como se acaba-se de tirá-lo da embalagem. Custando R$ 8,00, decidi imediatamente. Me dirigi ao caixa e consumei a compra.
Uma curiosidade esponatanea me sobreveio, algo que antes não sentia quanto a esta obra e autor. Ainda dentro da loja havia folhado o livro, e vi algumas coisas, na biografia de Kafka que me chamaram a atenção. Algo estranho de certa forma, o interesse tocou o autor e não necessariamente a obra.
Atravessei a praça Carlos Gomes, para encontrar um amigo. Alceu, mas inicialmente pouco conversamos, eu me detinha na leitura da apresentação, nota do tradutor e voltava mais uma vez a biografia de Kafka. Emfim a tarde cheguei em casa.
Passei, além de outros afazeres, a ler o livro, não me cansei, afinal a riqueza de detelahes apresentada inicialmente me fez viajar para o pequeno e claustrofóbico universo de Gregor Samsa. Sua metamorfose, seus conflitos matinais com o trabalho e família. Seus questionamenstos solitários e sua subrodinação, indesejada mas inicialmente aceita.
Todas estas questões me fizeram uma angustiante indagação. A metáfora da vida de Gregor, o que ela quer me dizer? Porque, este pequeno livro é cultuado e possui uma volumosa crítica a seu respeito?
Fui até a internet, descobri inumeras análises deste livro e até que ponto ele é uma relato sobre o próprio universo do solitário Kafka. Estas questões sinto em dizer aos que ainda não leram, não poderei desvendar assim, aqui e agora, pois ainda não finalizei minha leitura. E acredito que mesmo tendo-a terminado, dadas as situações levantadas pela obra e sua complexibilidade, não poderei respondelas.
Acredito que isso é o grande "barato" desta narrativa, se não for, não sei, descobrirei. Findo aqui, "sem mais delongas" (frase plagiada de Rodrigo), dizendo o fascinio que em poucas horas me causou Kafka, e tenho certeza, minha obseção por sua biografia aliada a sua obra me darão algumas importantes respostas sobte este escritor, mesmo tendo eu merito nenhum para ousar querer desvenda-lo, mas acredito que esta ancia inicial me traz esperança.
A literatura é, sobretudo a narrativa, a grande maneira descobrirmos os grandes mistérios. Seja pela interpretação do autor, seja pela sua "viajem" paralela a esta interpretação.
Espero logo, aqui neste espaço poder apresentar minhas conclusões. E quanto a Kafka, leia, e comprenderá isto que digo. Defini-la assim inicialmente, sua obra, que posso dizer, anacrônica seria o adjetivo.
Quem foi Kafka: Escritor tcheco, nascido na cidade de Praga, em 1883, quando esta ainda pertencia ao império Austro-Hungaro. Judeu, que falava e escrevia em alemão. Ecreveu várias obras, entre elas "A Metamorfose" e "O Veredicto" (1912). Embora, em 1915 tenha recebido, por sua obra o prêmio de literatura alemã, não recebeu seu devido reconhecimento em vida. Morreu em 1924, no sanatório Hoffmann, em Kierling, foi enterrado em Praga. Solitário, nunca se casou, apesar de quatro noivados. Permanecia por muito tempo só, timido, assim escreveu suas obras e se tornou um dos maiores escritores do século XX.
N.A.: A edição de "A Metamorfose" que leio é a da editora L&PM Editores, feita em 2001, versão comentada pelo tradutor Marcelo Backes, edição de 2006. Vem juntamente com esta obra inicial uma segunda obra de Kafka, "O Veredicto".

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Que um dia, que a noite venha

Eclipse Solar, 1999
A vida inteira vivemos de música
A músca que surge de madrugada
Para ninguem ver e nem ouvir
A lua lá em cima
E as figuras aqui em baixo com sua realidade criada
Forjada pelos que de aquém conseguem enxergar
Quiça a lua possa chegar para dela poder contemplar
O que de mais belo e sincero existe aqui em baixo
O que minora as caracteriticas criadas e sobrepõe as transbordadas
O que vem e dentro de dentro não pode ser visto
Ó lua, que está ai em cima de onde tudo pode ser visto
De onde a beleza original tem sua visão mais completa
Deixe-me ir ao teu encontro
Saiba de mim que sou simples
Figura humana aqui a vagar a espera da luz
Que da minha existencia venha mostrar
Quão pequena e insignificante é minha vã filosofia
Que um dia, que a noite venha
Possa ai chegar e desvendar o que por aqui procuro
Será o amor?
Que seja o transbordado e não o criado
Porque o que provém de criação não é puro imaculado
Mas jás manchado pela insegurança e egoismo
Seja eu liberto do que vejo
Dó, ré, mi, fá, sol, lá , sí pela madrugada

Pequeno relato do que sinto diante das visões deste mundo cá em baixo...
Um pouco do que me passa quando olho para as pessoas, para o cotidiano...
Uma visão romanceada de um "recorte do mundo", uma interpretação.
Oferecida e inspirada em minha querida...
Bejus, Elen amu-te, que um dia, que a noite venha.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Ensaio. Fotografia, filosofia e nosso "admirável mundo novo"

O que a fotografia tem a ver com o mito da caverna de Platão? Filosofia e fotografia tem alguma relação? A fotografia constituiu uma revolução no imaginário humano?

Nossa! Quantas perguntas. Muitas pessoas reconhecem estas questões, mas poucas as estudaram e conceiturara tão perfeitamente como a grande teórica da fotografia Susan Sontag e o filosofo contemporâneo Vilém Flusser.
No texto de Susan, "Na caverna de Platão" a fotografia é dissecada. Nele, ela mostra como a fotografia invadiu e modificou o imaginário humano. Assim como no Mito de PLatão, esta nova "arte" (coiceito que Susan trás neste mesmo texto), provocou o homem uma nova maneira de lidar com os acontecimentos de sua vida.
"Algo digno de se ver, portanto algo digno de se fotografar", esta frase resume o lugar ocupado pela fotografia em nossa sociedade positivista. Mas isto se deu pela evolução tecnológica, que com ela trouxe o ofício do fotógrafo assim como a popularização da fotografia pelas câmeras portateis. Este ponto é também abordado no segundo capítulo do livro "A filosofia da Caixa Preta" de Flusser. Neste, o autor retoma desde a evolução da "imagem tradicional" (pintura, desenho em geral) para a escrita, e assim para a "imagem técnica" (fotografia e video).
Ambos concordam quando dizem que o homem se tornou um "idólatra" das imagens. Que vem nela não uma representação do mundo, mas sim uma janela que remete diretamente ao mundo, ou pior, por vezes o próprio mundo.
Susan coloca de maneira bem evidente a violação feita pelo ato de fotografar. Como este ato rouba dos iundividuos sua contextualização e os transforma em recortes. Mas, resalta muito bem como este fato torna a fotografia mais marcante que o vídeo, e critica este como sendo um conjunto de vários quadros onde o seguinte anula o último. Neste assunto ainda leva este fator de memorização forte proporcionada pela fotografia como o responsável pela "banalização" de determinados assuntos fotografados, ainda remetendo a condição de constante evolução do imagético humano ante a imagen fotografada. "Fotos chocam na proporção que mostram algo novo". Frase de Susan.
Por adiquirirem uma status de "recorte do real" as fotografias ganharam grande valor como testemunhas de eventos. Ai seu caráter informacional. Ganhou o campo da burocracia (fotos de documentos pessoais), da meteorologia, da arqueologia, da informação e da comunicação, neste último com maior eloquência.
Flusser coloca em seu livro que a função da imagens técnicas (em maior instância a fotografia) seria simplesmente mediar a relação de homem e sociedade, seria trazer a um denominador comum entre informações. Declara que no mundo existem três correntes de imagético: conhecimento científico, exoeriencia artististica e vivencia politico/social (este ultimo termo eu mesmo adaptei para resumilo). Como nem todas as pessoas podem "caminhar" por estes tres meios, a fotografia exerceria o papel de mediadora.
Fotografar viagens, festas de familia, eventos publicos, enfim tudo no mundo. Assim o homem encontou uma nova forma de orientar-se e documentar seu "adimirável mundo novo". Como Flusser coloca sabiamente "O carater mágico das imagens é fundamental para conpreensão de suas mensagens". Susan por sua diz que "Hoje, tudo existe para terminar numa foto".
Rever os conceitos sobre a função da fotografia é importante, não que seja proibido fotografar o que se bem quiser, mas apenas para lançarmos um novo olhar sobre o que este bem, precioso e por vezes banal, influencia e nossa vida e na vida de nossa sociedade.


N.A. - Eu particularmente sou fã do Flusser, de Susan, não conheço muito para me posicionar, mas pelo pouco que ja vi achei ela muito consisa e carrega conceitos inportantissimos.
Para conhecer melhor estes autores e em especial estes assuntos, você pode ler o texto de Susan Sontag "Na caverna de Platão" e o livro de Flusser "A filosofia da Caixa Preta" (obra prima da filosofia da fotografia, reeditado varias vezes ao redor do mundo), principalmente os capítuos um e dois.
Espero que tenham gostado de minha pequena análise.
Vida longa a fotografia... (acho mesmo que ela nunca vai acabar)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Tropa de Elite. Policia e ladrão nas telas do cinema

Filme mostra as operações da Policia Militar contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.


Policias corruptos, tráfico de drogas, bandidos no morro, guerra particular e a realidade brasileira. Estes são os principais temas do longa metragem “Tropa de Elite” do cineasta José Padilha, que é protagonizado por Wagner Moura (Olavo da novela Paraíso Tropical). Um assunto que “esta na moda” no Brasil, a corrupção, é desta vez pauta para o cinema. A relação de policiais BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Policia Militar) do Rio de Janeiro contra o tráfico intenso no morro é escancarada nas cenas deste filme. Algo no mínimo intrigante e controverso.
Tudo começou em 1999, quando o cineasta João Moreira Salles filmava seu documentário “Noticias de uma Guerra Particular”, teve conhecimento dos depoimentos do capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel. Nessa época a carreira de Rodrigo iniciava seu termino na policia, devido ao desconforto causado por suas declarações, e abria as portas para seu inicio nos cinemas.
Pimentel deu o nome ao documentário através de uma frase que disse “a situação no Rio de Janeiro se tornou uma guerra particular entre policia e bandido”. Durante as gravações, Pimentel, ajudou os cineastas. Através deste conheceu José Padilha. Ai era dado seu segundo passo para dentro dos cinemas.
Padilha em 2002 dirigiu o documentário “Ônibus 174”, que conta a história do seqüestro de um ônibus lotado de passageiros por Alessandro do Nascimento, que acabou culminando na morte do seqüestrador e de uma vítima grávida. Mostra a participação infeliz do BOPE neste caso. O capitão, agora já reformado pela policia (afastado do cargo), participou como roteirista e co-produtor. Um depoimento interno da BOPE, algo que tornou o documentário mais ácido, mostrando a verdade de maneira mais completa.
Em “Tropa de Elite”, o capitão Pimentel “fez o retrato de uma polícia muito violenta e corrupta”, segundo o jornal Folha de São Paulo. Pimentel acredita que “será esclarecedor para a sociedade”, mas tem dúvidas como seus ex-companheiros de policia entenderão. Participando como roteirista, no primeiro longa metragem do cineasta José Padilha.
Não demorou muitos para o comando do BOPE demonstra sua opinião sobre as questões do filme. Um processo contra a exibição do filme foi promulgado a justiça federal. No ultimo dia 13 de setembro, este processo foi vetado. A juíza da 1º Vara Cível do Rio de Janeiro, Flávia Viveiros, fez uma declaração importante a favor do filme, disse que a história critica o "sistema" e que não é possível identificar se o "sistema" seria o BOPE, a Polícia Militar, a universidade, a sociedade, o jogo do bicho, o tráfico ou políticos.
O filme recebeu um dos investimentos mais caros do cinema brasileiro. Totalizou mais de 10 milhões de reais. Destes 1,7 milhão investido pela produtora Hollywoodiana Weinstein CO. Petrobrás e outros fundos para cinema da América Latina foram responsáveis pelos investimentos.
Mas, no Brasil, mesmo críticas contra a criminalidade, vinda do crime organizado ou da policia, sua essência não foi levada a sério. Antes do lançamento oficial do filme, programado para novembro deste ano, ele vazou pela internet. No Rio, já é vendido nos camelôs em versões piratas, (o que diremos de Cidade do Leste no Paraguai). Isso forçou os produtores e distribuidor (Paramaunt Pictures) do filme a lançarem no início de outubro (dia 12). Wagner Moura disse, em entrevista ao site globo.com, que mesmo com pirataria o filme não será prejudicado, pois foi reeditado para a versão que será exibida nos cinemas e festivais.
O filme foi lançado, em uma pequena exibição comercial, na cidade de Jundiaí, para poder concorrer ao Oscar antes do lançamento oficial. Do dia 20 de setembro ao dia 4 de outubro ele concorre no Festival de Cinema do Rio. Cannes também contou com a participação do longa.
Os atores passaram por treinamento militar. Durante esta fase do filme, o Wagner, ao ser levado ao seu limite psicológico por deu treinador, Paulo Storani, da um soco e quebra-lhe o nariz. Sobre os treinamentos e gravações o ator declarou que ‘foi tenso’.Mostra toda esta situação vivida nos bastidores da “segurança pública”, onde policiais recebem condecorações por matarem bandidos sem julgamento. Mostra que a corrupção não vem só de políticos, que roubam impunemente, mas também da pseudo justiça feita pelas próprias mãos. Estas propostas “feitas” por este filme mostram um pouco do que nós brasileiros estamos sentindo. O desejo pela verdade. A policia apenas representa o “bode expiatório”.

Rodrigo Pimentel, do BOPE para o cinema. Ex-capitão da PM, roteirista do filme "Topa de Elite".

Texto: Jadson Tinelli
Fontes: Folha de São Paulo e O Globo

sábado, 8 de setembro de 2007

Servidores da Empresa de Correios e Telégrafos apresentam indicativo de greve.

A greve será nacional e por tempo indetermi- nado.
Após negociações e nenhum acordo entre servidores e ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), trabalhadores estabelecem indicativo de greve, que pode ser deflagrada a partir do dia 12 de setembro. Na última segunda-feira (03/09), realizou-se em Curitiba uma reunião entre representantes dos trabalhadores e da ECT a exemplo de todo o Brasil. Na terça-feira (04/09), na sede da Sociedade 13 de Maio, ocorreu à assembléia entre os próprios trabalhadores para analisar as propostas feitas pela empresa.
Dentre as reivindicações dos servidores a principal é a reposição de 47,77% do salário, mas a proposta por parte da ECT foi de 3, 34%. Aumento do efetivo em função da sobrecarga de serviços também é uma das petições mais urgentes, segundo trabalhadores. “Infelizmente, se a empresa (ECT), não nos apresentar uma proposta mais justa, um meio termo que seja, dia 12 entraremos em greve por tempo ilimitado. Um aumento de 3,34% significa menos de 20 (vinte) reais para maioria dos trabalhadores, o que denota desmerecimento com nosso trabalho”, disse Santino Silva, 40 anos, servidor da área administrativa da ECT.
Outra reclamação apontada é a falta de segurança nas agências dos Correios. Devido funcionarem como agências do Banco Postal, parceria entre ECT e Banco Bradesco, o acúmulo de valores aumentou, tornando agência e servidores em alvos de assaltantes. O transporte de valores, por vezes, feito pelos próprios funcionários deixa-os sujeitos à assaltos e seqüestros.
Os trabalhadores aguardam até dia 12 para possíveis propostas por parte da ECT. Neste dia ocorrerá, ao final da tarde, uma nova assembléia entre sindicato e servidores em todo o Brasil. Em Curitiba ela ocorrerá no salão da Igreja Bom Jesus, em frente a Praça Rui Barbosa no centro da cidade, a partir das 19 horas.
A deflagração da greve dependerá desta assembléia, porém tanto trabalhadores quanto empresa já a dão como certa. “Chega de corrupção e indiferença com o trabalhador do baixo escalão, muitos atos injustos foram feitos contra nós, precisamos nos manifestar quanto a isso”, afirmou José Carlos Xavier, 48 anos, ex-funcionário dos Correios, demitido em 1992 durante o governo do presidente Collor.
Os sindicalistas e trabalhadores estão de plantão em frente ao prédio central dos Correios do Paraná em Curitiba. Com faixas, uma barraca, jornais e panfletos. Possuem também uma urna do plebiscito popular pela reintegração da outrora estatal Vale do Rio Doce. Segundo Santino Silva tanto o repudio a corrupção interna da ECT quanto o as reivindicações são legítimos, valendo-se do exemplo de uma criança que quando necessita de algo chora, disse que os trabalhadores demonstram suas necessidades através da greve.


Barraca dos trabalhadores / José Carlos Xavier, ex-funcionário do Correio



N.A.: Fizemos esta reportágem quase que por acaso. Na verdade estavamos indo ao Correio Central para conseguir uma outra matéria sobre o dia-dia do carteiro. Mas como a notícia sempre está lá fora em algum lugar só esperando por um repórter, lá fomos nós. Conversamos com estes trabalhadores por alguns minutos. Quando chegamos em casa percebemos que a imprenssa não havia dado atenção alguma para a luta destas pessoas. Assim vimos que deveriamos mostra esta situação, postamos então a reportágem aqui neste blog, cuja o principal objetivo é levar a verdade, esteja ela escondida ou não, seja agradável ou não. Este será nosso trabalho! E dia 12 aguardem, vem mais notícia por ai. Se lhes foi vetado espaço, aqui encontrarão. Obrigado por acessarem, voltem sempre e viva a verdade e liberdade!

Reportágem: Jadson Tinelli, João Zampier e Rodrigo Pinto

Texto: Jadson Tinelli

Fotografias: Rodrigo Pinto

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Nós ainda achamos que podemos escolher!

Coca-Cola compra centenária Matte Leão e agrega a sua linha mais 60 itens, tornando-se a maior empresa do ramo no Brasil.
E nós achávamos que podíamos escolher! Infelizmente mais uma vez isso acontece, como já aconteceu varias vezes. Eles aumentam e agente fica cada vez mais refém, se quiser comprar não tem escolha, é de um só. Ai sim, era tudo o que eles queriam, porque podem manipular, aumentar ou abaixar, melhorar ou piorar. Não mas isso não pode, o governo tem o poder de interferir em favor do consumidor, não tem? Sim, sim claro e agente ainda acredita nisso. Estamos realmente na posição de “cativos”.
Por que no Brasil as coisas são dessa maneira? Os caras vêm, acabam com nossa reputação, com nossa cultura (se é que um dia tivemos uma autêntica), com nosso amor próprio, mas não basta tem que vir e monopolizar nosso mercado, e o que é pior acabar com nossas industrias, agregando-as ao seu patrimônio.

A compra da empresa Leão Junior (dona da marca Matte Leão), uma empresa 100% paranaense, que existe desde 1901 e que no ano passado faturou R$160 milhões, com aumento de 18% sobre o ano anterior, pela Coca-Cola Company, nos mostra o quanto estamos vulneráveis no que diz respeito a mercado consumidor livre. Apesar da relutância de outras empresas do ramo, tais como a Pepsi, que moveu uma ação judicial contra esta compra, alegando possibilidade de monopólio no mercado brasileiro, o que quase ocasionou o impedimento da negociação pelo governo. Ainda assim, a influência da grande multinacional falou mais alto ($$$$$$) aos ouvidos do “poder público” .
Agora toda esta fatia do mercado (R$160 milhões) ao invés de ficar em nosso país, gerar impostos, e consequentemente benefícios a nós mesmos (bem, era pelo menos o deveria acontecer), vai direto para o “bolsinho” de Coke and American Idiots. E mais umas vez ficaremos aqui consumindo e se entregando para esses capitalistas que nada mais querem do que nos tirar o último “tostão” furado e enviar tropas por todo o mundo levando a violência e a morte e o que é pior alienar-nos fazendo pensar que o seu maior objetivo é a democracia e a liberdades dos povos.
Mais uma vez estamos contribuindo para o agravamento da situação atual, que, diga-se de passagem, esta totalmente errada. Que fazer se nós ainda achamos que podemos escolher!
Fotos: Index Stock Images / Montagem: Jadson Tinelli