terça-feira, 29 de setembro de 2009

O bucho e a loira

conversa entre dois trovadores maníacos



ALL diz: hmm, sursseleza então

Mada Fâka diz: mais surce que o bacana caído na sarjeta com a pica mole de fora... e vomitando

ALL diz: hehehehehhehehehe

Mada Fâka diz: isso antes de levar uma navalhada do companheiro de 'brita' no bucho e ficar com as tripas de fora, dai ele levanta e sai espirrando sangue e víceras na rua. por fim esbarra numa loira com vestido branco e enche ela de pele, sangue e pedaços do intestino

ALL diz: a loira olha para ele, apenas com repúdio e nojo, como se fosse um monte de merda. ele pega a sua garrafa de uma 'pinga vagabunda qualquer' e deita ao lado do bueiro dando as últimas tragadas...

Mada Fâka diz: ele começa a vomitar sangue com pinga e faz tanta força que começa a cagar nas calças uma diarréia marrom meio esverdeada e começa tremer e se contorcer até morrer. ninguém está na rua, ela está deserta, todos já abandonaram assim como o sopro de vida abandonou o corpo do crackelento chapado.

ALL diz: ehehhehehheheheh… bom final

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muitas outras se perderam nos bancos de dados da pracinha escura.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Peixes


uma crônica de Zé da Silva


Queria congelar a memória num daqueles momentos que, não se sabe por quê, ficou e volta, sempre volta, em qualquer momento, basta um nada, um odor, uma cor atravessando o ar, um som, uma palavra, um uivo, um gozo, um afago, uma neura, um surto, uma alegria, uma tristeza, a solidão mais dolorida. A loja na rua era daquelas esquecida no tempo. Tinha balcão de madeira e tampos de vidros onde se via tudo - de retrós de linha a bolinhas de gude leitosas. Um dia ele tomou coragem e entrou, dinheiro enrolado e amassado na mão direita. O senhor de cabelos ralos e brancos ergueu os olhos por cima dos óculos. Ele gelou. O dono da loja abriu um sorriso. Ele voltou a respirar. Pediu um pião, com fieira. Perguntou o preço. Dava para comprar. Foi aí que viu a camiseta pendurada na parede. Regata. Listrada. Preto e branco. Foi o momento eterno. De deslumbramento. Se viu vestido e praticando todos os esportes para defender aquela camiseta, não um time qualquer. Não tinha dinheiro para comprá-la. Nem podia pedir para os pais tal luxo. Ficou então com ela para sempre. Ela, a loja, a rua, aquele canto, o mundo. Já viu camisas iguais. Mas não igual àquela. A sua. Da sua lembrança. Que volta. E ele quer congelar para voltar a ser criança.

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história de um velho colunista de jornais.

"Ficou então com ela para sempre. Ela, a loja, a rua, aquele canto, o mundo"