quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Mil e trezentos anos em três minutos


Três dias enclausurado. Sem rever o mundo exterior
A solidão. O silêncio.
O barulho que as paredes, janelas, e visões
pitorescas do futuro fazem.
Olhar para fora e sentir tão verdadeiramente
que tudo que era bom já passou há tempos.
Coisas que se foram antes mesmo da sua vinda,
antes mesmo do abraço.
Não passaram de ilusões, curtas.
Que tiveram seu fim com uma overdose de tempo e cifras.
Aos trezentos anos de solidão
Overdose antes mesmo da fama, antes do reconhecimento.
Tempo jogado fora.
Que é o tempo se não uma simples medida?
Só restam as fotografias em preto e branco, quase todas da infância.
A juventude negra não aparece ali.
Apenas uma imagem, sem camisa, com um refrigerante na mão.
A clausura traz o pensamento menos ruidoso.
Com o míninimo possível de interferência.
Mas isto leva tempo.
Tempo demais.
Tempo que passa rápido demais.
Então, o paradoxo entre o curto longo e longo curto tempo.
Três dias como mil e trezentos anos.
Não passam nem deixam se passar.
Ao fim e ao cabo, o sentimento de que tudo
foi um simples e singelo sonho de três minutos.
Mil e trezentos anos em três minutos.


Poema dedicado a minha querida Elen D.A.

Um comentário:

Anônimo disse...

Curti muito!
Entro com freqüência no blog para ler os útimos textos. Este e "santa laranja" são ótimos!