terça-feira, 17 de junho de 2008

Pedaços do meu bloco de anotações




A mesa da cantina

As conversas mais triviais.

Momentos quase sem sentido.

Das coisas mais comuns as anormais.

Tudo num momento incontido, vazio, perdido.

Sem pretensões, lamurias, perdido.

Coisas sem sentido.

Mais um dia ido, esvaído, será esquecido.

Comum. Ao Sol. Comum.

Um aglomerado de coisas que se vão ali. Na esquina.

Eu, você, você, você e eles.

Nenhum. Nenhum. Nenhum.

* * * * *

O “SER” é mais que isso tudo.

Ser humano.

Ser urbano.

Ser rural.

Ser louco.

Ser normal.

Ser discreto.

Ser extravagante.

Ser constante, inconstante.

Ser retraído, reprimido.

Ser traidor.

Ser traído.

Ser mulher.

Ser mentira.

Ser amor.

Ser mentira.

Ser consciente.

Ser ausente.

Ser e apenas ser.

Ser e não ter.

Ser e nunca mais ver.

Ser, ver, viver, esquecer.

Ser e um dia não mais querer.

Ser mais do que se quer ser.

Ser e existir.

Ser e sentir.

Ser e desistir.

Ser e mentir.

Ser duvidando do que se é.

Ser certo do que quer.

Ser o que quiser.

Ser e morrer.

Ser, viver e morrer.

Ser suicida.

Ser e ter amor à vida.

Ser mutável.

Ser retornável.

Ser arrependido.

Ser e nunca ter vivido.

Ser esquecido.

Ser despercebido.

Ser distraído.

Ser desgraçado.

Ser amado.

Ser aos poucos deixado de lado.

Ser rural.

Ser urbano.

Ser humano.

* * * * *

Nota do Autor: Escrever um diário é algo quase sempre normal entre nós todos, seres expressivos.
Mas escrever recortes, pequenos relatos deconexos parece revelar algumas coisas que fogem do normal, do comum, do que vemos facilmente por ai.
Pode parecer um discurso caracteristico da identidade pós-moderna, e por mais que esta seja clássica pela quebra das barreiras impostas pelos movimentos predecessores, eu ainda prefiro o paradoxo entre as fronteiras. Ou seja, ora a prosa, ora a poesia, ora a linearidade seca, ora a rima.
Não me orgulho disso, nem me acho especial. Pelo contrário, sou apenas um medíocre que acha desvendar pequenas coisas. Coisas que se vão no segundo seguinte, meu bloco de anotações é minha muleta. Minha distração é minha desgraça, meu amor, meu mundo, minha perdição, minha maldição. Nostaugica maldição.

Nenhum comentário: