quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sofrer pelos safados

Curitiba, 05/05/10. Lineu Filho


Fila do Fórum Eleitoral, obrigações deixadas para a última hora


Esta manhã, como muitos brasileiros, acordei mais cedo para ir ao Fórum Eleitoral, afinal era o último prazo para fazer ou transferir o título de eleitor. Estamos em ano de eleição (e de Copa do Mundo) e tudo no Brasil parece girar em torno disso. Não vejo nenhuma razão especial para esta efervescência nos períodos eleitorais, além do fato de termos uma população de quase 60 mil políticos eleitos de forma direta no país, e eles precisam de quorum para garantir mais quatro anos no poder. Por isso, aqui, ao contrário de outras democracias, é obrigado votar.


A fila estava enorme logo as 8h00 da manhã. Um minhocão de pessoas (na maioria jovens aparentando menos de 25 anos) em zigue-zague no enorme pátio do Fórum, uma obra pública típica, quadrada, cor de concreto e sem muitas firulas arquitetônicas. Era uma multidão de mais de mil pessoas, que mostravam um ar de cansaço só de entrar naquela fila interminável de baixo do sol forte da manhã.


Pode parecer clichê falar da fama que os nascidos nessas terras calorosas (e preguiçosas) têm de deixar tudo pra resolver na última hora, mas este é um do cernes desta questão. Falo isso por mim mesmo. Passeis as últimas semanas com esta ida necessária ao Fórum me incomodando mentalmente, mas como sempre, ficou para o último dia.


Tudo piora com a passada de alguns funcionários orientando e “triando” o pessoal da fila. Eles fazem questão de dizer, “porque em dias normais não tem nem fila, é só vir e ser atendido”, como se isso fosse ajudar. Só dilatam o sentimento de culpa de não ter ido nos dias em que a média de atendimentos não chega a 200 pessoas. Somente neste dia 4 de maio, penúltimo para por a situação de eleitor em dia, foram 4.400 pessoas passando por lá.


No meu caso, tudo mudou com as orientações da funcionária da Justiça Eleitoral. Descobri que meu comprovante de residência não servia e que o máximo que eu conseguiria neste dia era justificar o voto da eleição de 2008 (que não votei por não ter transferido o título de Santa Terezinha de Itaipu para Curitiba). Resultado: sai da fila depois de duas horas no sol, fui atendido por uma senhora simpática que nem me cobrou a taxa para justificar o voto.


No fim, a própria senhora contou a moral da história sem querer. “Deixa para transferir em dezembro, não vai enfrentar fila”, e quando indaguei dizendo que assim não poderia votar este ano, ela disse, “não adianta nada mesmo”. Desgaste em vão. Mais um ano sem ir a “festa da democracia”. Quando for velho terei de ser mesário vitalício para pagar estes pecados.


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Por el suelo camina mi pueblo

Por el suelo moliendo condena

Por el suelo el infierno quema

Por el suelo la raza va ciega...

Manu Chao

2 comentários:

Camila Rehbein disse...

Eita! Só você mesmo ein? Bobão! shauhsuahshauhsa

Carol rehbein disse...

eee deixa tudo pra última hora.