domingo, 16 de maio de 2010

Psychedelic alkaloid for meditation

eu estava deitado. meus ossos e músculos doíam e eu não conseguia achar uma posição confortável para poder dormir. eu não conseguia dormir. mesmo que fechasse os olho eles pareciam estar abertos. eu estava dentro de uma nuvem preta com flashes de várias cores explodindo. indo e voltando. algumas vezes pareciam estar fixos, mas logo que eu focava os olhos sobre um deles, então todos mudavam de lugar. foi então que comecei a sentir medo. eu abria e fechava os olhos naquela escuridão e parecia estar sempre na mesma posição, como se não tivesse me movido desde o momento em que me deitei para tentar amenizar as dores dos meus músculos, das minhas costas, dos meu ossos, mas nada passava. ouvia vozes e elas pareciam sempre distorcidas. algumas vezes pareciam ser de alguém triste, um choro desesperado. mas logo mudavam e seu autor parecia agora uma pessoa com muita raiva. comecei a confundir de vez o que era raiva e desespero. por fim me via novamente tomado pelo medo de nunca mais poder dormir, de simplesmente nunca mais sair daquela escuridão cheia de raios coloridos e daquele sons que iam e voltavam.


eu corria, andava sem rumo por todo aquele gramado negro e me confundia se ele era um simples planalto com pouquíssimas árvores ou se era uma bolha sem fim. uma bolha gigante de plástico e para onde quer que eu corre-se, para qualquer lugar onde eu me jogasse eu nunca mais me machucaria, eu enfim estaria seguro e então poderia fazer simplesmente o que eu tinha vontade naquele momento. e o que eu mais queria era correr. correr e me jogar no infinito daquele tapete preto e sentir cada milímetro da queda até o chão e quando lá chegasse, mesmo vendo a superfície sólida e dura do concreto eu simplesmente sentiria o gramado e então a maciez da bolha. da bolha sem fim. então estaria seguro, confuso, perdido na grandeza do plástico negro flutuaria. quando tudo isso se delineou na minha frente e eu realmente podia sentir que era real, minhas dores sumiram e eu estava finalmente em pleno vôo. flutuava e as luzes, o sons estranhos não me faziam mal. fui levado por aquela corrente e ela nunca me pareceu tão macia. foi tudo que vi enquanto tentava dormir. eu realmente não sei se consegui. mas tudo bem, ainda estou vivo e não morri, ainda sinto vontade de correr naquele gramado de novo, mas tenho medo. não me machucaria é claro, eu sei que ele é perfeito, só tenho medo de não voltar mais. no castelo dos sonhos eu simplesmente tirava o óculos emprestado e podia sentir que ainda estava com os pés firmados no chão, o vôo acabava bruscamente e o medo de não conseguir voltar para casa era menor, mas ainda estava lá. bem eu voltei e agora estou aqui e sei como as coisas podem passar.


é difícil sair do circulo, precisei ser puxado para fora, ser despressurizado e foi tão simples. vejo agora como foi tão simples. era só tirar o óculos e parar de me preocupar. quando deixei que a bolha macia me levasse tudo foi tão diferente, macio e flutuante como da primeira vez e meus as visões que tinha do passado pareciam ser reais. enfim era um menino correndo nu no gramado da bolha sem fim e me deixei cair até sentir mais uma vez que o concreto do asfalto não era duro e sim macio. um gramado onde estive seguro e percebi que se entrasse na bolha mais uma vez não iria querer sair mais dela. era tudo tão real.


faça o que quiser, vou me jogar agora mesmo. aproveite o resto do que se tem para ver e não me diga que tudo era tão sem graça no final. depois da sua escolha tomada não vai adiantar mais abaixar o som. ele ai te perseguir e então corra para a van insegura que está do lado de fora da bolha negra e vá embora antes que ela se despedace na queda. eu estarei feliz, deitado no gramado da bolha se fim. um abraço e até nunca mais. nossa comunicação não tem funcionado mesmo, a gente tem andado em círculos todo este tempo e tudo porque eu quero comprar um cachorro quente e você quer um maldito cigarro. beba a cerveja enquanto eu bebo água pelo furo que fiz no fundo da garrafa de plástico. os pingos me hidratam melhor e assim vou mais devagar. posso então curtir o sol atravessar o céu sem me levantar e quando a noite chegar novamente será um novo tormento e não conseguirei dormir novamente. mas desta vez eu saberei o que fazer e vou ficar deitado assim mesmo, vendo os flashes coloridos.

Um comentário:

Carol rehbein disse...

e eu tenho medo de entrar junto nessa escuridão toda, leio tentando entender mas não encontro nada que faça sentido nas sua viagens(as que se criam em sua cabeça)...medo da bolha. Da sua na verdade a minha parece mais confortavel, agradavel...rs

vc escreve muito bem mocinho.

bjo