quinta-feira, 8 de abril de 2010

Leitura flutuante sobre causa/efeito

Eu costumava dar mais valor as coisas antes. Os dias eram mais significativos e em alguns deles eu demarcava momentos, situações para lembrar depois. Como o dia que eu parei a bola esfarrapada de capotão perto do muro da vizinha da frente da minha casa. A casa dela era de madeira como a minha. Tinha uma fachada parecida com a minha. Até a torre de ferro para segurar a antena da TV era igual a da minha.

Tudo era tão leve nessa época. Flutuante como a pipa, da qual não me lembro a cor, planando de baixo daquele sol que fazia arder o campinho de terra. As coisas naquele tempo eram tão simples e mesmo assim eu me preocupava, assim como hoje.

Mal sabia. Eu já tinha esse medo. Mas até ele era mais simples. Naquela época eu conseguia segurá-lo da mesma forma que dominava a velha bola no pé. Hoje eu sinto um medo mortal, muito mais forte. Mas eu sei que vou dominá-lo. Talvez um dia eu conte e faça a todos saber o que eu realmente sentia e sabia naqueles dias. Eu sinto falta deles. Não por nada, apenas sinto. Talvez a gente descubra, ou talvez não (eu acho).

Agora com certeza eu enxergo que no fim foi o medo e não o desespero que fez tudo ser simples e direto como foi. Só sabia porque senti o corte e vi o sangue, não porque me enganaram mais uma vez dizendo que era como eu imaginava que fosse. Enfim, o medo não só é a causa como o efeito, a certeza infelizmente (ou talvez não) não cabe, não serve como peça fundamental para se decifrar este enigma. Como eu disse, um dia, quem sabe eu consiga finalmente, e não tenho firmeza nisso, descobrir o que foi toda essa coisarada. Se isso acontecer, fique tranquilo, você será o último a saber.

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a parede parece muito resistente e dedão acha que só com sua força não vai conseguir atravessá-la. não teme, apenas sofre por antecipação.

Um comentário:

Carol rehbein disse...

" a palavra escrita é mais que uma lei é uma ordem desregra de nossos pensamentos"...
De uns dos livros que vc me emprestou. isso falo tudo ou um pouco talvez.