terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sente ou não sente?

Ainda persiste uma coisa estranha. Parece estranha.



John Ritter



Se aquela dor estranha ainda persiste em incomodar, você ainda derrama suas lágrimas.

Se ainda procura por um vestígio, por menor que seja, nas páginas em branco, cheias de caricaturas, aquilo ainda não desapareceu completamente.

Os dias, as pessoas, as roupas podem ser diferentes, nada será igual aquela época. Igual aquele sentimento.

As coisas mudam, é verdade. As pessoas mudam, certamente. Mas se tudo que viveu foi de verdade, foi eterno no segundo que durou, ele vai te perseguir para sempre.

Umas sombras estranhas, escuras, porém claras, vão te acompanhar.

Não existe outro jeito. Cada batida, cada som, cada detalhe estará ali, vindo à tona ao menor sinal de semelhança.

Sente ou não sente?

Comparar uma nova oportunidade com a idéia falsa do que se perdeu, do que ficou para trás. Nunca será o suficiente.

Um peito oco. O que existia ali não te pertence mais.

Foi tirado para fora com uma faca de cozinha, brutalmente, sem censura.

A nova chance não será suficiente.

Todos os defeitos ali, diante de seus olhos preconceituosos. Em outros tempos eram mais sensíveis.

Parece estranho. Parece mesmo.

Nunca satisfeito.


* * * * * *

Discretamente sumindo no ar. O que era concreto simplismente deixa de existir. Nunca da mesma maneira.

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