quarta-feira, 16 de julho de 2008

A história clichê de Joselito

Um ex-zéroela. Um maníaco. Culpado? Mais uma daquelas que você concerteza já viu em algum outro lugar.


Frans Lanting
Joselito sempre foi um cara daqueles que você olha e diz, “Zé Roela”. Mas ele sempre lutou contra sua condição miserável. Nascido na favela perto da Universidade, Joselito sempre sonhou com a possibilidade de ser “alguém na vida”. Queria ser um cara famoso por seus feitos, ser uma pessoa respeitável, não apenas mais um carregador de carrinho, juntando papelão o dia todo pelas ruas movimentadas da grande cidade onde vivia.
Bem que ele tentou, mas estudando em escolas precárias, sem ajuda dos pais (mãe na verdade, o pai abandonou a família quando ele era apenas um pequeno garoto que jogava bola de meia no campinho clandestino na frente do barraco onde morava), ele acabou sendo influênciado e entrou nos “negócios” da comunidade.
Aos 13 anos já vendia crack, maconha e pó para os estudantes da Universidade. Foi bem nessa época que o brilho de seu olhar lançado para aquela grande instituição de ensino, que por anos fora sua estrela cadente no céu escuro da miséria, fome e pobreza, desapareceu.
Sua sanidade desapareceu mesmo quando sua irmã, de apenas 12 anos, foi estuprada pelos policiais que trabalhavam no módulo policial perto da entrada da favela. Ele viu tudo, amarrado na viatura, sem poder fazer nada a não ser olhar para a barbárie a sua frente. Ele não desviou o olhar, decidiu que aquela cena seria para sempre carregada em sua mente e se tornaria no combustível para suas atrocidades contra a sociedade que o jogara fora desde sempre.
Tornou-se um maníaco esquizofrênico. Matava, mas não simplesmente “matava”. Esquartejava, queimava, esfolava, tirava o coro mesmo e só então depois de várias sessões de sofrimento extremo ele dava o gostinho da morte a suas vítimas.
Hoje, Joselito se encontra numa cela especial. Nem as torturas policias, nem os espancamentos dos antigos companheiros de cela, nem as consultas psiquiátricas com constantes lavagens cerebrais tiraram o ar sombrio nos olhos do ex-zéroela.
Escória, lixo-humano, assassino, maníaco. Enfim alguém, mais do que um Zé Roela. Joselito foi alguém. Seus feitos famosos. Apenas uma coisa sempre impregnou seu cotidiano, a miséria. Culpado?
* * * * *
O fim do conto de Max vêm nos próximos posts. Em breve.

2 comentários:

Julliana disse...

eu voto pela volta de elizabeth no final do conto.

Brunow disse...

Parou por quê? Por que parou??
CADE VC?!?