terça-feira, 20 de maio de 2008

Lembranças do não visto

Micha Pawlitzki


Os dias estão passando rápido. Tem vezes que eu nem sinto mais. Entro sem direção numa floresta. Ela me parecia mais clara, mas percebo que agora se tornou tão densa que não vejo nem mesmo um palmo a minha frente. Mesmo assim eu continuo andando até sair dela.
Sempre que entro nesta escuridão umida e fétida escuto os cliques das armas de batalhas antigas. Vejo a respiração ofegante de cada soldado que ali respirou pela última vez. Uma fumaça pouca que saía das narinas e se perdia logo depois. Eu os vejo esvoaçados. Quase que se perdendo floresta a dentro. A cada clique de armas minha tensão aumenta. O curioso é não ouvir os disparos. Imagino que foram congelados pelo tempo. Tempo que passou rápido demais. Eu quase nem sinto mais.
Eu ainda os vejo.

*morador da vila ao norte da floresta que se atrevia a escrever cartas



* * * * *

Me desculpe abandonar mais uma vez o blog. O fato é que Max me abandonou. Tenho tentado neste últimos 20 dias encaminhá-lo, porém ele quase que definitivamente me deixou sem dar explicações e nem mesmo respostas. Espero que volte. Enquanto isso publico este relato de memória.
Dedicado a E.D.A.

Nenhum comentário: